quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Vamos
















Vamos
Enlevados pelos passos
Que nos parecem certeiros
Dados antes de nós.
Vamos firmes
Na convicção dos pioneiros,
Sem interrogações
Como se a cabeça fosse leve…

Como se o único trilho gravado
Não pertencesse à razoável falta de razões
Para a seguir…
Como se uma vaga mais atrevida
Não nos pudesse acabar com as marcas indeléveis…

Vai.
Prefiro deter-me uns instantes
Do que me faltar vida
Para andar para trás.
Vai.
Enquanto eu falo aos meus pés
Para escolherem o caminho de areia mais grossa,
Para, findas as rectas (e as curvas…),
Bater um no outro e sobrarem poucos grãos
Com memória do que pisaram.
Vai,
Mas não te esqueças
Que és o único pioneiro dessa vida!
Eu vou a olhar para frente,
Espanando as passadas,
Para que não venham outros

(de vontade esquecida)
Dar a lugar nenhum!...




(foto: Ana Fernandes)