domingo, 30 de setembro de 2007

Encontro








Procuro no escuro

Um encontro escondido

Sem mais ninguém.

De cá do muro

O meu mundo perdido

Tarda, mas vem...

Num tempo à margem,

O real passa a miragem

E a música é condição.

Castelos de histórias,

Neves de memórias,
Clara a ilusão!...
(foto: Ana Fernandes)

sábado, 29 de setembro de 2007

Procurem as Mãos


Mãos...
Pelas palmas todas que bateram
Pelos sete palmos que esperam
Pelos dedos que conhecem
O sentido, a preensão
Os laços ou o adereço
Pelos sinais que florescem
Ao chegar outra estação
Mãos, eu te agradeço!
Mas pelo tanto que tocaram
Pelo muito que afagaram
Pelos filhos e netos que embalaram
Não seja agora que queiram
Deitar-se debaixo da manta
Como quem espera a hora santa
De cada recordação.
Procurem outra e outra mão
E com elas não mintam
Agarrem-se
Segurem-se
Sintam
Mas procurem.
O quê não importa.
Nem que preciso seja bater à porta
O encontro é a certeza
Do que as mãos podem achar,
Seja carga
Seja leveza
Ainda não duas p'ra segurar
!
(foto: Ana Fernandes)

Mãos que procuram


Mãos...
Não são só as palmas
Os palmos
Os dedos,
São todos os segredos
Do sentido
Com que tocam.


Mãos, que procuram?
Será a forma
A textura
A aspereza,a ternura
Ou o aperto que segura?
Talvez saber se é quente
Morna ou fria
A outra gente.
Procuram a surpresa
O prazer
A suavidade e a dureza
De cada ser.
Talvez também o afago
A segurança
O gesto preciso e vago
De criança.
O que procuram não importa.
O encontro é a certeza
Do que as mãos podem achar,
Seja carga
Seja leveza
São duas p'ra segurar!

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Espera de ilusão



Se parar o tempo fosse possível

Estava parada.

Se queimar o tempo se propagasse

Estava queimada.

Se adiantar a hora não fosse só na Primavera

Diria: - Verão
Porque é que paro

Caminhando,

Porque é que me queimo

Gelando,

Esperando em ilusão.
(foto: Ana Fernandes)

Rostos













São tantos os rostos,
As expressões,
Como são tantos os espelhos
E suas razões...


Há os sorridentes,
Os zangados,
Os tristes e malfadados.
Há os ternurentos,
Os que reflectem doçura
E há os sedentos
De marcas de bravura.
Há os que brilham,
Os inexpressivos,
Os que ficam cativos
À sua condição.
Há os que choram,
Os que gritam,
Os que imploram
Outra canção.
Mas cada um canta o seu fado
E mais ou menos afinado
Vai soando a alegria,
A nostalgia
A saudade.
E tal como o sol deixa a pele curtida
Também no rosto fica reflectida
Cada lágrima e riso
Que acumula a idade.
(foto: Ana Fernandes)