Acorrentado o tempo à calma
De um caminho feito em passo lento
São crentes, mais na vida que na alma,
Estes, os que esperam movimento.
E ao encontrá-lo vão-se despedindo,
Deixando os sonhos que a medo vêm vindo!
No sopé do Mwakupalame fica este canto
Onde casas discretas lembram a oração
De portas abertas para o silêncio e p`ró pranto
Para os que sabem não esperar em vão.
Num gesto capta-se o corpo e o traço
De quem espera ao sol, sem se inquietar
Enlaçando as mãos vazias no regaço
Ou mordendo a cana p`rá fome sossegar.
Aqui só o vento passa, apressado e quente,
Continuando o pó nos pés desta gente!
Viemos de nascente com a certeza
De o nosso olhar ter espelhado outra esperança…
Sorvemos cada cheiro e toda a beleza
Que cresce com o sol e cada criança.
(foto: Ana Fernandes)
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