quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Sementes que caíram...


Duas sementes caíram

No meu pensamento

E crescem para lá da vontade

Para lá do entendimento...

A dos simples

Que com simplicidade

Pisam o chão,

A dos exuberantes

Que com exuberância o rasgam

Para um abraço largo

De exaltação.

Abandono-me aos meninos

E aos embondeiros

Eles... abandonados a si mesmos

Dias e dias inteiros!...
(Foto: Ana Fernandes)

Uma folha não bastava...



Acrescentasse àquilo que sou

O ser que me ficaria bem

E uma folha não bastava.

Deixaria de estar como estou

E tornasse em apreço o desdém

Já não era a mim que apreciava.


Porque isto de mudar as gentes

É para sábios ou crentes

Que percebam de ciência ou de fé.

Eu que busco a aceitação,

De mim ou da razão,

Digo que... cada um é como é!


Se todos fossem como deviam,

Por um conceito uniformizado,

O que seria do choro e da imaginação?

Assim. sonhem como seriam

As virtudes de um "aperfeiçoado",

Mas sempre com uma folha à mão!

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Music Was My First Love


Porque há músicas que ficam e
descrições inigualáveis
deixo-vos com John Miles...



"Music was my first love

and it will be my last.

Music of the future

and music of the past.



To live without my music

would be impossible to do.

In this world of troubles,

my music pulls me through."
(John Miles)



(porque não ouvir dois dos meus cantores portugueses favoritos?)

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Beijos




Só escreve de beijos
Quem não está a beijar...



Há beijos para todo o gosto
Para toda a ocasião,
Triste é quem não beija
E se agarra à solidão.

Dois os convencionais
De cumprimento,
Por vezes dados ao ar
Sem atrevimento.
Um os carinhosos
De confiança,
Dados em toda a parte
Que cabe a lembrança.

Dados na testa,
Suaves,
Abençoados,
Dados a crianças
Há também os repenicados.

Há ainda os apaixonados
E esses, tantos como
Os lábios que beijam,
Que bafejam,
Que aspiram,
Que comentam,
Que invejam,
Que desejam,
Ah!... que doces que há!
Que intensos,
Que macios,
Que de lábio em lábio
Se moldam e comunicam
Como correntes de rios.
E se saboreiam,
Se prolongam
Se apreciam.
E quanto mais isso...
Mais beijos.
Uma vez dados
(os que se lembram ou não esquecem...)
Volta o desejo
De serem beijados!


(foto: Ana Fernandes)

Caem as Folhas


Caem as folhas
Como o agora,
Caem como todos os segundos
Que contém cada hora.
Caem...
Todos.

As folhas caem
Devagar
Como expira a brisa
Ou com a pressa
Do vento a soprar.
Mas os ramos não se inquietam
Sabem que é preciso espera,
Comparação,
Para que surja a beleza,
A Primavera.
Original esta repetição
Que cada ciclo devolve
Com subtileza.

Tudo está (sem ficar)
Onde esteve (sem ir)
E há-de estar (sem permanência)
No único tempo
Que cai (sem demora...),
Tudo está
Agora.