quarta-feira, 24 de novembro de 2010



Cresce repleto de vontades

De certezas

De paixões

E quando fores grande

Bastar-te-á

A alegria de seres tu

Com toda a gente!



(foto: Ana Fernandes)

Abraços




Crê nos abraços

Quando perderes a fé nos livros

Na juventude

Nos sábios

No tempo

No sentido.

Crê que num outro corpo

Uma outra força

Pulsará.

E num cruzar de braços

(destemido)

Toda a verdade

Passará.



(foto: Ana Fernandes)

quarta-feira, 10 de novembro de 2010


Aperta-me o peito de saudades


Aperta-me o peito de vontades


E entre o que foi


E o que há-de vir


Vou enchendo outro peito


De tanto sorrir!
(foto: Jorge Mayer)

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Hoje


Se todos os dias deixamos

Que ele venha novo, como um beijo,

É porque um outro, por ser curto, abandonamos,

Entregando-nos, neste tempo, a outro desejo.



Certa é cada vinda de passagem,

Além dele não sou mais que memória ou imaginação.

Troca-se o número, o mês, a imagem,

Permanece o som de quatro letras, em repetição.



Este é o imutável tempo que muda,

Numa certeza surda, além de mim...

O único tempo sem tempo

Será o fim!
(Foto: Jorge Mayer)

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Velho


"Parado e atento à raiva do silêncio

De um relógio partido e gasto pelo tempo

Estava um velho sentado no banco de um jardim

A recordar fragmentos do passado

Na telefonia tocava uma velha canção


E um jovem cantor falava na solidão

Que sabes tu do canto de estar só assim

Só e abandonado como o velho do jardim?

O olhar triste e cansado procurando alguém


E a gente passa ao seu lado a olhá-lo com desdém

Sabes eu acho que todos fogem de ti prá não ver

A imagem da solidão que irão viver

Quando forem como tu

Um velho sentado num jardim

Passam os dias e sentes que és um perdedor


Já não consegues saber o que tem ou não valor

O teu caminho parece estar mesmo a chegar ao fim

Para dares lugar a outro no teu banco do jardim

O olhar triste e cansado procurando alguém


E a gente passa ao seu lado a olhá-lo com desdém

Sabes eu acho que todos fogem de ti prá não ver

A imagem da solidão que irão viver

Quando forem como tu

Um resto de tudo o que existiu

Quando forem como tu

Um velho sentado num jardim"


(pintura: Van Gogh; poema: Mafalda Veiga)
http://www.youtube.com/watch?v=qtEYzFuEYB8&NR=1

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Aqui perde-se o horizonte

Perdem-se as nuvens, e do céu

Só a luz refratária entre a folhagem.

Aqui as sombras fazem monte

Fazem mistérios, e do bréu

Só os sonhos acendem a coragem.

Aqui o silêncio pariu os sons, a melodia

Pariu suspiros, ecos, não o vento,

Que inspira de outra inspiração.

Aqui apaga-se o sossego, a calmaria

Apaga-se a vontade, não o alento

Que cresce com a grandeza, não a ilusão.

Aqui levantam-se os olhos

Levanta-se a pequenez,

Aqui, possível cenário do

Era uma vez..
.


(foto: Ana Fernandes)

domingo, 24 de janeiro de 2010

silêncio













"E todo o silêncio é música em estado de gravidez".

Mia Couto
(foto: Jorge Mayer)

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010


"La calle esta descierta sin tu sonrisa

y el viento ya no canta dulces melodías,

Los días son infinitos espacios vacios

y los rios, son murmullos de recuerdos perdidos.

Te hecho de menos,

Te extraño si no estás

Mil preguntas me rondan el alma y la cabeza

como si fueran siniestras aves de presa.

Las paredes no sienten tus ojos

y yo extraño tu risa, y tambien tu enojo.

Extraño por completo tu existencia

la sublime cadencia de tu ir y venir.

Te hecho de menos

te extraño si no estás

Soy adicto a tu presencia constante

y de ti, siempre deseo un poco más.

Lo digo tan en silencio, que ni yo quiero escucharme

me hacen falta tus palabras para serenarme

No me alcanza tu recuerdo, ni las horas vividas

me haces falta completa para que tenga paz

te hecho de menos

te extraño si no estas.

Y nada me importa en la vida

si es que tu no estas."

http://www.youtube.com/watch?v=hrE3k6W22v8

(cit in locos por la poesia, Juan Carlos Lozano)

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Salto


O que me quereria contar
cada vaga,
entre a força e o eco,
quando está a rebentar?...

Que doçura tem o sal?
Que imensidão tem o mar?
Que segurança tem uma rocha?

Deixei a cadeira
(em segredo)

Com ela os salpicos,
os pensamentos,

A espuma,
a contemplação.

Cansei-me do alto
Do meu medo, dos tormentos
Do mundo
E da razão.

De um salto
Mergulhei
Fundo
Num imenso doce
E segura
Não voltei.

(foto: Ana Fernandes)