Pôr na vida alheia parte dos meus olhos,
Deixar lá algo do que é meu
E pouco a pouco ir juntando molhos
De tralha (que me valha!), que sou eu...
Lá vai a vida a correr sem fundamento,
Com a pressa de se gastar a cada dia,
Vou calcando caminhos que tropeçam no entendimento
E só no chão calo a razão que a justificaria...
Houvesse tempo, mais do que de repente,
Houvesse razões de sobra p'ra toda a gente,
Que ainda assim não faltariam ais.
Onde estaria o doce da pressa daí por diante?
E quem faria da vida uma aventura errante?
De que falam poetas como V. Morais.
(foto: Ana Fernandes)